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quinta-feira, 27 de março de 2014

Rm 12:1-2: ADORAÇÃO, SANTIDADE E CONHECIMENTO DE DEUS


INTRODUÇÃO

Como conhecer àquele de quem a sabedoria e o conhecimento são mais profundos que o oceano, e os juízos e caminhos, insondáveis e inescrutáveis? Talvez, Romanos 12:1-2 seja o texto que melhor explica a forma pela qual podemos ter a mente de Cristo, ainda que o assunto continue envolto no mistério tremendo da fé. “Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1Co 2:16). No capítulo 11 de Romanos, Paulo diz que o desejo de Deus é que todos os homens da terra – judeus e gentios – sejam salvos. Ao iniciar a leitura do capítulo 12, percebemos que o apóstolo está nos mostrando o caminho que levará ao conhecimento desta vontade soberana. Em apenas dois versículos, somos ensinados sobre o que é a verdadeira adoração, qual a postura de santidade que devemos ter diante do mundo, e como podemos conhecer a Deus e Sua vontade.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1-2).

“...Rogo-vos...” (exorto... a vós): No original grego, Paulo usou a palavra exortação[1]. Porém, no contexto, percebemos que ela tem um tom de pedido. É que a compreensão geral que se tem da palavra “exortação” é equivocada, pois não quer dizer “repreensão”, mas sim, “chamar para perto, auxiliar, ajudar, consolar, encorajar[2]. Portanto, neste texto, estamos diante de uma autêntica exortação.

“...Irmãos...”Esta exortação bíblica é dirigida aos salvos, eu e você. Nós somos os destinatários.

“...Pelas misericórdias de Deus...”No original, não existe virgula depois da palavra “Deus”, o que sugere que somente pela misericórdia de Deus é que podemos apresentar-lhe nossas vidas como oferta totalmente consagrada. Não fosse a misericórdia de Deus, jamais seríamos aceitos, mas graças à obra de Cristo na cruz, somos aceitos pelo Deus santo e justo.

“...O vosso corpo...”O conceito paulino de “corpo” vai muito além da matéria. O templo de Espírito Santo envolve tudo em nós. Significa que o apóstolo está nos exortando a apresentar tudo de nós a Deus.
Nem, tampouco, apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; (Rm 6:13).
Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo...” (1Co 6:19).

“...Sacrifício vivo, santo e agradável...”Não se trata de sacrifícios de animais, pois Cristo os invalidou (Hb 10:4,9,10). Trata-se de uma ilustração (“sacrifício de louvor= ação de graças” – Sl 50:14). Devemos nos consagrar totalmente a Deus, vivendo para Sua glória em cada detalhe de nossas vidas.
Sacrifício vivo é a vida do crente que morreu para o pecado e agora vive para Deus, por meio de Cristo, pela própria vida do Cristo e pela fé nEle.
Somos “corpo de Cristo” (1Co 12:27), e “pedras vivas” (“Vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” – 1Pd 2:5). Isso é agradável a Deus, pois a justiça e santidade de Cristo são perfeitas, e satisfazem a perfeita vontade do Deus perfeito. É como diz o teólogo brasileiro Alfredo Borges Teixeira (1878-1975): Na cruz, “a Jesus foram imputados os pecados dos homens, e aos homens foi imputada a justiça de Jesus”[3].

“...A Deus...”Esta pequena expressão fecha a porta para a “religiosidade”. No sentido negativo, a palavra “religiosidade” refere-se a preocupação meramente externa e teatral daqueles que realizam atos piedosos com o propósito de impressionar os outros e conquistar seus aplausos. Em outro texto, Paulo também combate este mal, dizendo: “Procura apresentar-te a Deus... (2Tm 2:15)”. A Deus, não aos homens.

“...Culto racional...”O ato de apresentar envolve a decisão da mente. Entregamos nossas vidas a Deus, e isso racionalmente. Decidimos que viveremos para Ele, o que só é possível por meio dEle, mas que também não aconteceria sem a participação da nossa vontade. Existe aqui uma cumplicidade entre a vontade de Deus e a vontade do homem. É bem verdade que quase tudo em nossa salvação e espiritualidade depende da vontade dEle, mas também é verdade que Deus optou por posicionar-se eticamente diante da nossa vontade/escolha. Em outras palavras, apesar de o culto racional depender de Deus, ele também requer a nossa contribuição e decisão. O “sacrifício vivo, santo e agradável”, é o “culto racional”, e ambos podem também ser chamados de “verdadeira adoração em espírito e em verdade”.

“...Não vos conformeis com este século...”O texto original diz: “E não sejais amoldados a este século...[4]. Isso significa não acreditar em tudo o que a mídia diz, nem aderir ao estilo de vida dos ímpios. Precisamos trabalhar, estudar, conversar, compreender e ajudar os ímpios em suas necessidades físicas, sociais, emocionais e espirituais, influenciando-os, sem sermos influenciados.

Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância;” (1Pd 1:14).
Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” (1Jo 2:15).
E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2:17).

Significa não alienar-se dos ímpios, mas também, não assemelhar-se a eles. Seja você. Sejamos nós mesmos. Nosso verdadeiro “eu” sobrevive somente em Cristo. Aquele que não for moldado pelo mundo, este sim poderá ser um verdadeiro cristão. Ser cristão é ser parecido com Cristo. Somente sendo verdadeiramente cristãos é que seremos imagem e semelhança de Deus, no sentido mais profundo da expressão. O Criador nos fez imagem e semelhança Sua. O pecado, por sua vez, quando nos alienou do Criador, manchou nossa imagem e falsificou nosso “eu”. Não se conformar com o mundo é afastar-se do pecado e aproximar-se de Deus, em Cristo, e assim, nosso “eu” verdadeiro encontra o caminho aberto para vir à tona. Alienar-se do pecado é assemelhar-se a Cristo, alienar-se de Cristo é, de certa forma, assemelhar-se ao Diabo”Digo isso porque o Diabo foi criado muito diferente do que é hoje, pois ele era um anjo de Deus (Lúcifer). Quando separou-se de Deus, Lúcifer foi deformado pelo próprio mal, e veio a ser Satanás. Sim, separado de Deus ele está totalmente deformado. Guardadas as devidas proporções, também ficamos deformados quando nos afastamos de Deus. A diferença é que para Satanás não há volta, mas para nós, Jesus é o caminho que nos leva de volta para Deus.

“...Transformai-vos pela renovação da vossa mente...”Segundo a linguagem bíblica, a renovação da mente acontece quando nos despimos do velho homem e nos vestimos do novo, que se renova pelo poder do Espírito de Deus em nós.
E vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4:23-24)
E vos vestistes do novo [homem], que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;” (Cl 3:10).
Este é um ato de fé e de regresso. Renovação, de certa forma, significa retrocesso. É como que voltar ao jardim do Éden, o qual encontramos na cruz de Cristo. Lá ficou a vida eterna que perdemos por causa do pecado. Somente lá podemos ser “nova criatura”. Essa nova criatura que nasce “da água e do Espírito” tem mente nova. Sua mente é renovada pela Palavra, para semelhança da mente de Cristo, e traduzida pelo Espírito Santo de Deus.

“...Para que...”Há um propósito em tudo isso.

“...Experimenteis...”Experimentar aqui também pode ser entendido por “provar, saborear, conhecer”.
Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia” (Sl 34:8).
“Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor” (Ef 5:17).

“...A boa, agradável e perfeita vontade de Deus...”Porque Deus é Bom, Agradável e Perfeito, Sua vontade, que dEle é inseparável, também é boa, agradável e perfeita. O original grego abre espaço para estas duas possibilidades. Não precisamos escolher uma em detrimento de outra, pois ambas são verdadeiras.

Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição ... não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus ... Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” (1 Ts 4:3,5,7).

                Não nos esqueçamos que no capítulo 11 o apóstolo Paulo nos informara do plano universal de salvação de Deus. A vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos. Portanto, somos desafiados a uma vida de santidade e missão, pois Deus quer que sejamos santos, e quer salvar o mundo através de nós.
O conhecimento de Deus implica em pelo menos estas duas mudanças de vida.
Primeiro: “conhecer a Deus é ser santo”.
Segundo: “conhecer a Deus é dedicar a vida para Sua glória e proclamar o Evangelho de Cristo ao mundo”.

CONCLUSÃO

Se seguirmos a exortação bíblica, dedicaremos toda a nossa vida para a glória de Deus em verdadeira adoração, contrapondo-nos ao sistema pecaminoso deste século, com a mente renovada em Cristo (ter a mente de Cristo – 1Co 2:16)), e assim conheceremos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, que é a salvação do mundo, e a nossa santificação – sem a qual ninguém verá ao Senhor.


EM OUTRAS TRADUÇÕES:

Rm 12:1-2 – A Mensagem1: “Portanto, com a ajuda de Deus, quero que vocês façam o seguinte: entreguem a vida cotidiana – dormir, comer, trabalhar, passear – a Deus como se fosse uma oferta. Receber o que Deus fez por vocês é o melhor que podem fazer por Ele. 2: Não se ajustem demais à sua cultura, a ponto de não poderem pensar mais. Em vez disso, concentrem a atenção em Deus. Vocês serão mudados de dentro para fora. Descubram o que Ele quer de vocês e tratem de atendê-lo. Diferentemente da cultura dominante, que sempre os arrasta para baixo, ao nível da imaturidade, Deus extrai o melhor de vocês e desenvolve em vocês uma verdadeira maturidade”.

Rm 12:1-2 – NTLH: 1: “Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. 2: Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”.

Rm 12:1-2 – NVI: 1: “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. 2: Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

A todos, abraços, graça e paz!!!

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